Após a passagem do ciclone IDAI por Moçambique, considerado como uma das piores catástrofes naturais do hemisfério sul, Ademir Grein, cofundador da Fraternidade da Capulana, foi enviado à Moçambique para a manutenção dos projetos que já estavam em andamento junto ao Infantário (Orfanato) da cidade de Inhambane e com o objetivo especial: visitar as áreas mais devastadas afim de entender a real situação em que a população estava vivendo e identificar possíveis formas para que a organização pudesse contribuir com a melhoria na vida daquelas pessoas.
Em Moçambique, Diretora do INAS e responsável pelo orfanato seguiu rumo a Dondo, província de Sofala, local para onde os desabrigados em estado crítico foram direcionados. Cidades inteiras haviam permanecido por semanas debaixo da água e quando finalmente o nível do rio voltou ao normal, não havia sobrado nada além de lama e destroços. Não era possível, se quer, reconhecer o local onde havia estado suas casas. Milhares de pessoas perderam tudo e agora estavam em campos de reassentamentos, isolados, apenas com a roupa do corpo. Não havia comida, casas, água potável, saneamento básico.
Um mar de crianças passava fome. Caçavam ratos para sobreviver.
O acesso, bastante remoto e complicado, contribuía para que as doações de alimentos demorassem para chegar e quando conseguiam receber algumas coisas, não havia como conservar ou proteger a comida. Suas tendas eram saqueadas e logo ficavam novamente sem ter como alimentar suas famílias.
" em média, 400 famílias por reassentamento. São pessoas humildes que costumavam ter suas maneiras para garantir a sobrevivência, mas que agora foram instaladas há 40 km de onde moravam, e não têm sequer dinheiro de transporte para voltar às ocupações. São carpinteiros, serralheiros, pedreiros, agricultores, eletricistas... Enfim, pessoas que tinham trabalho e agora não têm mais..." contou Ademir, bastante chocado com a situação que presenciou.
Precisavam de casa e comida. Pediam por escola e afeto!
Retornando ao Brasil, a Fraternidade da Capulana deu início ao plano Bio Mandruzi que prevê a inclusão de novas pessoas que serão beneficiadas pelos projetos, já existentes ou não,
buscando viabilizar à recuperação das famílias que perderam tudo com o ciclone Idai, sempre por meio de capacitação, incentivo, apoio e criação de oportunidades, contribuindo para que tenham melhores condições e autonomia para assumirem a responsabilidade de recomeçar e conquistar transformações para suas próprias vidas.
Contra a fome - Projeto Sementes do Amanhã
Contra a falta de moradias - Projeto Murmuchê Adobe
Contra a falta de futuro & afeto - Projeto Capulanas do Amanhã
Sementes do Amanhã O que é? Capacitação por meio de cursos e encontros práticos, viabilidade através da compra de sementes, transporte até regiões remotas, contratação de maquinário e arrendamento de solo para plantio e incentivo por meio de acompanhamento técnico. Quantos beneficiários? 36 famílias - em média 170 pessoas de forma direta e uma associação de empoderamento das mulheres camponesas Como o projeto se mantém? Através de apadrinhamento e trabalho voluntário em Moçambique Como posso contribuir?
Apadrinhando uma família https://www.fraternidadedacapulana.org/ajudemandruzi Linha do tempo: Outubro - 2019 Iniciamos a primeira fase do projeto piloto Sementes do Amanhã, com a participação de 24 famílias em situação crítica, em Dondo - Província de Sofala. Os integrantes receberam treinamento e monitoramento do voluntário moçambicano, o agrônomo Ferreira. Estacas de mandioca para plantio foram disponibilizadas, além de sementes de arroz e outras em menor quantidade, para que assim pudessem iniciar a produção de seus próprios alimentos, garantindo sustento para suas famílias.
Quatro meses depois, nossos voluntários Brasileiros estiveram no local e puderam constatar o grande sucesso do projeto! As Machambas (plantações) estão lindas e verdes e as famílias já estão usando as folhas para consumo. Dentro de 2 meses poderão comer as mandiocas que eles mesmos produziram, sem depender de outras pessoas. Janeiro - 2020
Iniciamos a segunda fase do projeto, com o arrendamento de 6 hectares de terra e preparação do solo para plantio de arroz! Aumentamos para 26 o número famílias atendidas e pudemos ver o sorriso dessas pessoas, ganhando vida novamente!
Fevereiro - 2020 A terceira fase do projeto, inclui 10 “Mamas” integrantes da associação local de empoderamento das mulheres camponesas, que além de terem suas famílias beneficiadas, trouxeram ao projeto um aspecto sustentável, bastante apropriado para o sucesso e ampliação do projeto à outras novas famílias. As Mamas receberam duas toneladas de estacas para o plantio, e serão beneficiadas com a produção de mandioca para suas famílias e ainda processarão o produto para venda em forma de farinha, trazendo rentabilidade para a associação. em contrapartida farão a preparação de novas estacas (novas mudas)
para que possamos incluir novas famílias no programa, quando novos padrinhos brasileiros aderirem ao projeto!
Futuro Cada novo padrinho, uma nova família pode ser incluída!
_____ Projeto Murmuchê Adobe O que é ?
Trata-se do estudo, criação, execução, teste e disseminação de técnica adaptada do Hiperadobe, para construção de casas resilientes, seguras, acessíveis e que suportem a fúria de ciclones e temperaturas adversas, criando um ambiente saudável aos seres humanos, interferindo da menor forma possível no meio ambiente em que está inserida. Que seja ainda, replicável, sem qualquer tipo de royalties quando de forma não comercial, por qualquer pessoa que precise de um lar, em Moçambique, no Brasil ou em qualquer lugar do planeta. Como o projeto se mantém? Através de dações, apadrinhamento e trabalho voluntário na área de desenvolvimento e construção (aqui e em Moçambique) Como posso contribuir?
Doando ou fazendo parte
https://www.fraternidadedacapulana.org/ajudemandruzi
https://www.fraternidadedacapulana.org/participe
O projeto "Murmuchê Adobe", que deverá passar o ano de 2020 em fase de execução e testes pela OSC Fraternidade da Capulana, foi idealizado inicialmente para oferecer uma alternativa de baixo custo, diante da necessidade de moradia aos milhares de sobreviventes ao ciclone IDAI - em Moçambique, já que famílias inteiras, que perderam tudo, tiveram suas casas e até mesmo cidades completamente devastadas e foram realocados em reassentamentos distantes, onde foram forçados pelas circunstancias a recomeçar suas vidas, debaixo de pequenas tendas disponibilizadas pela UNICEF em situação de emergência.
Linha do Tempo Julho 2019 Estudos iniciados. Matéria prima escolhida: Terra de cupinzeiro. A natureza de Moçambique apresenta uma quantidade absurda de "indesejados" e enormes cupinzeiros em todo o seu território. São os famosos Murmuchês - montanhas de terra tratadas pela saliva dos cupins, que podem alcançar surpreendentes 4 metros de altura e até 10 metros de circunferência e quando hidratado forma uma massa pegajosa e moldável . É uma terra argilosa que quando seca, pode resistir por mais de 100 anos, sem perder seu formato original. A técnica Murmuchê Adobe, usada para empregar essa massa na construção de paredes com 30 cm de espessura foi inspirada no hiperadobe e adaptada conforme a necessidade da matéria prima inusitada.
Ambas consistem na utilização de sacos raschel (os mesmos empregados como embalagem para hortifrutis), mas no caso do Murmuchê Adobe, são preenchidos com a massa feita com a terra dos cupinzeiros. Através de compactação manual, as camadas se estabilizam em um material consistente e seguro e, dispostas uma sobre as outras, dão origem às paredes largas e resistentes. O acabamento, por enquanto, é feito com uma massa que leva cimento e areia e é aplicada sobre o rashel para reforçar e revestir as paredes. Além de prática e sustentável, já que utiliza recursos naturais e disponíveis , trata-se de uma modalidade de construção relativamente rápida e bastante versátil. Quando aplicada em circunferência, atinge maior estabilidade estrutural através da própria geometria. Ao alcançar a altura das paredes, inicia-se a redução progressiva da medida do diâmetro de cada camada, até que se feche o circulo central, permitindo a construção de domos que dispensam a utilização de telhados.
É uma construção barata, exige pouco material e muita mão de obra.
Setembro 2019
Início da construção do protótipo no Brasil, afim de conhecer a técnica e as dificuldades que seriam enfrentadas na construção em Moçambique. Em contato com outros colaboradores, foi possível acompanhar as obras para aprimorar todos os processos.
Janeiro 2020
Construção do protótipo em Moçambique com a contratação de 10 possíveis replicadores da técnica.
Hoje Estudos e adaptações contínuas envolvendo a técnica estão acontecendo a todo momento, em várias frentes. Como objetivos e melhorias, temos como planejamento para a incorporação de banheiro seco anexo à casa e utilização de materiais reciclados para impermeabilização das paredes. Se você tem domínio de alguma técnica, por favor, entre em contato e venha fazer parte do nosso time! Futuro A construção passa por período de monitoramento. Durante o primeiro ano, será possível avaliar como se comporta a estrutura com a matéria prima retirada dos cupinzeiros, quando exposta ao clima de Moçambique, para que possamos concluir o estudo e fazer as modificações necessárias. A partir deste momento, será possível replicar o conhecimento e os detalhes para utilização do Murmuchê Adobe, e compartilhar o projeto para construção de casas seguras e resilientes à toda a humanidade.
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