A Fraternidade da Capulana teve origem em 2012, quando um dos fundadores pode conhecer de perto a triste realidade de miséria e vulnerabilidade em que se encontravam as crianças órfãs de Moçambique, em especial as do Infantário Provincial de Inhambane. Voltando ao Brasil, trouxe consigo a sabedoria e experiência de que cada um de nós é capaz de transformar vidas através de pequenas ações e que podemos fazer “mais” quando olhamos com amor fraterno para as dificuldades enfrentadas pelas outras pessoas. Trouxe também, a certeza de que não escolheu ajudar crianças que estavam do outro lado do mundo, mas que não havia nenhuma outra escolha a não ser a de estender a mão a aqueles que sofriam por falta de comida, cuidados, conforto e afeto. Aos poucos, mais pessoas tomaram conhecimento e se identificaram com a causa. Outras viagens à Inhambane aconteceram e outros fundadores puderam conviver com aquela situação. A cada momento a certeza de que, por menor que sejam as conquistas, a ONG Fraternidade da Capulana tem feito a diferença na vida desses órfãos e dos nossos queridos irmãos moçambicanos.
Rua Marechal Deodoro, 55 | Sala 6
Centro, Campo Largo - PR | Brasil
Como tudo começou...
Em 2012, o professor Ademir Grein Gualberto viajou à Moçambique, com destino ao norte do país, visando dar início ao projeto “Quebrando barreiras da comunicação”. O objetivo era contribuir para o crescimento cultural e ampliar os horizontes e as possibilidades para uma rede de pessoas que se formaria no decorrer do processo, ao ensinar inglês a três voluntários de uma universidade, que teriam a missão de replicar o conhecimento a outros três alunos. Ocorre, que entre uma carona e outra, ao passar pela cidade de Inhambane, surgiu a possibilidade de estender esses benefícios propostos, atendendo um número maior de pessoas, e foi então que Ademir começou a lecionar na Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Inhambane (ESHTI).
Atrás da Universidade, havia um “Orfanato”...
Moçambique é o sétimo país mais pobre do mundo e tem 15 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema. Isso representa cerca de 65% dos Moçambicanos. Segundo a UNICEF, 52% da população é constituída por crianças e destas, 43% sofre de desnutrição crônica o que contribui para o elevado índice de 10% na taxa de mortalidade infantil – crianças que morrem antes de completar 5 anos de idade.
A todo o momento se repete a triste cena de pessoas de todas as idades passando fome em todos os lugares, mas nos arredores da Universidade, a concentração de crianças pelas ruas, era ainda mais evidente.
Não demorou para que Ademir conhecesse o Infantário Provincial de Inhambane – uma mistura do que conhecemos por orfanato + casa de passagem - para crianças com e sem deficiência. Ocorria que, o tempo todo, as crianças fugiam de lá e não havia controle eficaz.
O cenário não poderia ser mais caótico.
Crianças com moscas nas feridas, roupas sujas e rasgadas, fungos nas cabeças, fizeram com que a falta de colchões sobre as camas perderem a importância.
Em Moçambique, não existe” Lei da Palmada”! As senhoras que trabalhavam lá, não agiam contra a lei quando batiam nessas crianças porque choravam quando estavam com fome, dor ou sono. Não havia amparo algum sobre violência sexual contra elas.
Faziam três refeições ao dia! O cardápio variava entre arroz e “chima” (uma espécie de polenta). Nenhum outro acompanhamento ou fonte de vitaminas.
Ao conviver com as crianças, criou laços de amor, amizade e compaixão!
Percebeu que a situação de abandono afetivo em que se encontravam, estava além das péssimas condições em que viviam. Pode presenciar momentos de extrema degradação e descaso do ser humano e a falta de esperança no olhar de cada órfão que estava ali. A maioria dos que estavam em idade escolar, ainda não frequentavam a escola. Poucas sabiam seus nomes. Raramente uma delas sabia o porquê de estar ali.
Nos relatórios é comum encontrar a descrição “criança perdida” mas a verdade é que não havia ninguém interessado em encontrá-las.
Ademir buscou ajuda local e começou a envolver pessoas para mudar aquela realidade. As informações sobre as crianças chegavam de forma maquiada às autoridades, que acreditavam não haver nada de errado acontecendo. Somente quando os responsáveis tiveram acesso aos fatos, as coisas começaram a mudar e o governo passou a dar mais apoio para a instituição.
Quando retornou ao Brasil, consciente da responsabilidade que havia assumido para si ao criar estes laços, começou a espalhar o desejo de poder contribuir para a melhoria na qualidade de vida daquelas crianças. Voltou outras duas vezes para Moçambique, onde adotou o método escoteiro, buscando desenvolver nos órfãos alguns valores essenciais para convivência, os quais não tiveram a oportunidade de aprender em uma base familiar. Honestidade, lealdade, fraternidade, altruísmo, a cortesia e a pureza de propósitos, além do respeito à natureza e à vida. Embasar crianças para que se transforme em jovens capazes de assumir as responsabilidades pela própria vida!
Os primeiros a acreditarem nesse sonho!
Visando a manter este elo, retornou a Moçambique em nova oportunidade, levando sete amigos que também estavam dispostos a contribuir, de forma voluntária, para transformar o Infantário Provincial de Inhambane em um exemplo em Moçambique e em todo o território Africano!
Letícia Reinaldin Licheta, Dariele Aparecida Ferreira, Suelen Isabel da Silva, Karine Cristina Sartori, Thiago Mayron da Silva, Priscila Almeida
A este grupo de amigos, que unidos em prol de um mesmo objetivo, atravessaram o mundo para levar amor às crianças do Infantário de Moçambique, foi dado o nome de Sociedade da Capulana, em uma referencia ao filme “Senhor dos Anéis”(onde um grupo de pessoas fizeram uma missão quase impossível de levar um anel até um vulção muito distante, enfrentando inúmeras adversidades e para isso criaram a “sociedade do anel”) e às Capulanas (nome que se dá a um pano que, tradicionalmente, é usado pelas mulheres de Moçambique para cingir o corpo, e por vezes a cabeça, fazendo também de saia, podendo ainda ser utilizado para carregar crianças presas aos corpos das mães).
Quando retornaram ao Brasil, trouxeram uma bagagem de valor inestimável afinal, este é o tipo de experiência que transforma o olhar que cada um tem sobre o mundo, muda vidas, traz crescimento espiritual e abre mentes de forma irreparável!
A noticia sobre o que viveram junto às crianças, as conquistas aos órfãos e o sentimento bom que nos retorna ao fazer o bem aos outros, se espalhou como um viral e atraiu outras pessoas que se também se identificaram com a causa.
E nasce uma ONG!
Em 2017 perceberam que precisavam oficializar a Sociedade da Capulana, para tornar mais transparentes e efetivas as ações realizadas. Por questões burocráticas, em maio de 2018 a instituição passou a se chamar Fraternidade da Capulana e finalmente, em 25 de junho de 2018, transforma-se em uma ONG, apta a receber e organizar todas as pessoas que se identificarem com a causa e/ou que tenham interesse em contribuir de alguma forma para continuarmos levando felicidade à vida dessas crianças e de outras que por ventura venham a surgir ao longo dessa incrível caminhada!