Dona Maria, 80 anos de luta, vive no pequeno povoado de Jangamo, distrito de Inhambane, no interior de Moçambique. Portadora de hanseníase - ainda conhecida como Lepra em seu país, e bastante debilitada pela evolução dos sintomas da doença sem o devido tratamento, apresenta estágio avançado de encurtamento dos dedos das mãos e dos pés, além de visível dificuldade motora e úlceras recorrentes, espalhadas pelo corpo frágil, marcado pelo sofrimento e pela idade.
Dona de um olhar cativante e sempre disposta a distribuir sorrisos, a doce senhora deslocava-se diariamente a uma distancia de 18 km, indo de sua casa até o centro de Inhambane, onde passava o dia sentada em um cruzamento, pedindo esmolas na esperança de garantir seu próprio sustento. Traz em sua bagagem 8 décadas de uma vida difícil, em uma região de poucos recursos, as lembranças do período em que cuidou do tio doente, com quem viveu nos últimos ano e o triste sentimento de abandono por parte de sua família, filhos e netos espalhados por todo o país. Mesmo assim, nunca deixa de sorrir!
Em 2017, Dona Maria cruzou o caminho da Fraternidade da Capulana! Durante uma das viagens à Moçambique, a voluntária Evelise Grein e seu filho Ademir Grein - cofundador da Fraternidade da Capulana, encontraram Dona Maria ao passar pela costumeira esquina onde ficava o dia todo com as mãos estendidas, esperando por ajuda de alguém. Como muitos outros dias, aquele era apenas mais um um típico fim de tarde sem sucesso: infelizmente não havia conseguido dinheiro suficiente para uma única refeição. Comovidos pela situação e a falta de opções imposta pela doença, a Fraternidade da Capulana ofereceu uma pequena cesta básica para que, ao menos naquele momento, ela pudesse sair da rua e ter alguns dias de tranquilidade. Ocorre, que embora a cesta fosse pequena, era pesada demais para aquela senhora carregar, e não viram outra alternativa a não ser deslocar-se até a casa de Dona Maria para realizar a entrega. Ao chegar, puderam constatar a terrível condição degradante em que vivia. Além da total falta de condições básicas, as paredes e teto não ofereciam qualquer tipo de proteção.
As doações que eventualmente recebia, se deterioravam facilmente, já que as paredes feitas de folhas de coqueiro trançadas eram bastante antigas e já não eram capazes de segurar a água da chuva.
Não puderam esquecer o que viram.
Em meados de novembro de 2017 a Fraternidade da Capulana realizou, no Brasil, uma campanha para arrecadar fundos com o objetivo de construir um pequena moradia, onde Dona Maria estivesse ao menos protegida do sol e da chuva. Com poucos recursos financeiros, decidiram construir a casa utilizando material semi-convencional ou como é chamada em Moçambique, uma casa de chapas. Para oferecer algum tipo de conforto, construíram também uma cama, utilizando alguns tijolos e compraram um colchão, que Dona Maria havia confessado ser um grande sonho e nunca havia conseguido realizar. Feliz, em sua nova casa, Dona Maria continuou viajando diariamente até o local onde conseguia alimento e ajuda, mas com a certeza de que quando o dia estivesse terminando, poderia voltar para a proteção do seu lar.
Dona Maria e sua Madrinha Brasileira
Em dezembro de 2018 a Fraternidade da Capulana realizou nova viagem à Moçambique e, desta vez representados pela cofundadora e atual presidente Priscila Almeida. Nesta oportunidade, manifestou através do grupo de apoio à ONG, o desejo e a necessidade de ajudá-la com envio de alimento. Todos ficaram comovidos e imediatamente uma das nossas colaboradora, que prefere não ser identificada, manifestou interesse em apadrinhar e abraçar essa causa solidária!
Hoje, Dona Maria recebe mensalmente uma cesta básica através da Fraternidade da Capulana, enviada por sua abençoada madrinha do Brasil. A Madrinha da Dona Maria, recebe informações periódicas sobre o conteúdo da cesta, fotos da entrega e até mesmo pequenos vídeos de agradecimento!